Apesar da distância geográfica, Brasil e China têm construído laços cada vez mais estreitos ao longo das últimas cinco décadas. O marco inicial dessa aproximação ocorreu em 15 de agosto de 1974, com o estabelecimento das relações diplomáticas. Essa parceria evoluiu de maneira significativa: em 1993, os dois países firmaram uma parceria estratégica, que em 2012 foi elevada ao status de parceria estratégica abrangente.
Esse meio século de intercâmbios tem sido um processo de descobertas mútuas e superação de barreiras culturais e geográficas. Um momento marcante ocorreu em 1978, quando a apresentação da Trupe Acrobática de Wuhan no Brasil reavivou os laços artísticos entre as duas nações. A partir daí um acordo de cooperação cultural e educacional lançou as bases para um intercâmbio cultural sólido e diversificado.
Desde então, as trocas culturais se expandiram para diversas áreas: música, teatro, cinema, televisão, literatura e muito mais. O cinema chinês ganhou destaque em vários festivais internacionais realizados no Brasil. Um momento memorável foi a exposição “Guerreiros de Terracota e Relíquias da Cidade Proibida” em São Paulo, em 2003, que atraiu mais de 700 mil visitantes e contou com a presença do então presidente Lula na abertura.
A presença cultural chinesa no Brasil se fortaleceu ainda mais com a criação de 12 Institutos Confúcio e Salas de Aula Confúcio dedicados ao ensino da língua e cultura chinesas. Em 2017, como integrantes dos BRICS, Brasil e China deram um passo importante ao assinar o Plano de Ação para Implementação do Acordo Cultural Intergovernamental, abrindo caminho para uma cooperação cultural ainda mais intensa.
Agora, ao completar 50 anos de relações diplomáticas, Brasil e China se preparam para uma nova era de parceria, dispostos a elevar sua cooperação a patamares ainda mais altos. Nesse contexto, a Mostra de Cinema Chinês de São Paulo se destaca como uma importante vitrine da cultura chinesa no Brasil. A edição deste ano, que celebra cinco décadas de produção cinematográfica chinesa, traz filmes que retratam diversos aspectos da sociedade e cultura do país.
A seleção de filmes oferece um panorama rico e diversificado: desde a beleza natural do Planalto de Loess em Vida até o retrato do amor urbano contemporâneo em À espera do amor. É só por um tempo e Vidas comuns exploram as nuances da vida jovem e adulta na China moderna, enquanto Pós-verdade reflete sobre valores sociais atuais. Quatro primaveras captura a essência das estações do ano e Sabores da vida usa a gastronomia como metáfora para as experiências da vida.
A programação também inclui exemplos da crescente indústria de animação chinesa, como Boonie Bears: Viagem no tempo, e produções que celebram as artes tradicionais, como A lenda da Serpente Branca e Fora dos palcos. Filmes de ação como O fio da espada e Retorno ao Tibete trazem uma visão moderna dos heróis chineses. Por fim, De trem-bala pela China e Jornada sem fim oferecem um olhar sobre o desenvolvimento e os valores da China contemporânea.
Mais uma vez, a mostra convida o público brasileiro a uma viagem cinematográfica pela China, suas tradições, sua modernidade e sua visão de mundo.